1 de maio de 2021

Entrevista com Pata de Cachorro

 




ZC - Galera, contem como foi feita a escolha do nome da banda. Alguma história curiosa a respeito da escolha? 

A escolha do nome não foi nada muito especial. O nome surgiu bem antes da criação da banda, por volta de 2012. 


Nosso baixista Grotesco e o Duf, fotógrafo e grande amigo da banda, estavam em um rolê com mais alguns amigos. Eles estavam passando os canais da TV, quando colocaram em um que estava rolando uma apresentação de alguma banda. Um dos amigos, que estava muito louco, olhou pra tela e falou: "Pata de Cachorro, que banda é essa?" (no caso, PATA DE CACHORRO foi uma exclamação, tal qual AVE MARIA ou qualquer outra). A cena foi tão cômica que, daquele momento em diante, foi decidido que um dia seria criada a Pata de Cachorro. 


Em 2017, após uma reunião entre Duf, Grotesco e Carniça, guitarrista da Pata, encontramos Adonis, nosso primeiro baterista. Assim, a banda foi formada. Já no primeiro ensaio, compusemos a faixa título do nosso EP, Alienação Animal, com letra do Duf. 

ZC - Quais são as principais características do som da banda? 

A banda é composta de três membros, baixo guitarra e bateria, com o vocal revezado entre todos os integrantes, sem um vocalista fixo. Seguimos a temática do horror. Então, nossa característica sonora tem uma atmosfera sombria e agressiva, mas sem se limitar somente às caracteríticas do punk, trazendo elementos de outros estilos como o thrash, death, heavy metal e outros. 


Por sermos um power trio, procuramos fazer a parte instrumental de uma forma que os três instrumentos consigam se destacar em cada música, com solos não só de guitarra, mas também de baixo e de bateria em algumas faixas. Não nos preocupamos em seguir uma estética musical na hora de compor. A criação sai de acordo com a sensação que queremos passar, gerando composições às vezes bem diferentes umas das outras. Para isso, muitas vezes utilizamos as três vozes, com características bem diferentes, escolhendo o vocal de cada faixa. 

Na temática das letras, utilizamos histórias e elementos do folclore regional e nacional, mas sem nos limitarmos a esse tema, trazendo também outras fontes de inspiração, sempre dento dos elementos do Horror. 

ZC - Quais bandas nacionais e internacionais vocês apontariam como influência direta no som de vocês? 

Temos o costume de pegar influência de todas as bandas e músicas que ouvimos, sempre procurando adaptar para o estilo da Pata de Cachorro. Mas podemos citar como as bandas principais: Misfits (claro), Bad Religion, Ramones, Zumbis do Espaço, Death (a banda), Black Sabbath, Candlemass e King Diamond. 

ZC - Quais seriam as 5 bandas que vocês chamariam para um "Pata de Cachorro Festival" no ano que vem?

Com certeza, chamaríamos 3 bandas nacionais de Horror que gostamos muito: Nardones, Difunteria e Sertão Sangrento. 

As outras duas, seriam nossas parceiras de Campo Grande: Vermes e Darhew. 

ZC - Falem um pouco sobre o single novo de vocês. 

O single é intitulado SantaPaz e conta uma história de ficção, representada por um homem que foi corrompido pela influência maligna de Satanás (nome da música desse trabalho) e, sem nem ao menos questionar seus instintos, vai em busca da realização de um ritual sombrio, sacrificando pessoas inocentes para servir de oferenda à entidade. A letra não se trata de uma adoração ou culto ao demônio, e sim uma história, como na literatura ou em um filme - assim como o nosso EP.

Alienação Animal foi produzido de forma totalmente independente. As artes de SantaPaz foram feitas pelo Carniça, a gravação e mixagem pelo Grotesco e a masterização pelo Bareabarea, grande amigo da banda. 

ZC - Como foi manter a banda e as rotinas nesses tempos pandêmicos? Afetou muito o trabalho? 

Inicialmente, ficamos por volta de 3 meses totalmente parados, sem ensaios e nem encontros da banda. Isso nos afetou muito, porque tínhamos a rotina de fazer um ensaio semanal e também estávamos fazendo várias apresentações seguidas, pelo menos duas por mês. 

Após esse tempo sem ensaios, foi preciso fazer uma reunião para realizar a gravação de um vídeo para um edital emergencial estadual, criado para ajudar os trabalhadores da cultura, e um outro para um edital de seleção de um evento cultural que já é tradicional aqui no Mato Grosso do Sul - o Som da Concha - feito pela primeira vez em versão on-line. Isso realizou um grande sonho dos três integrantes da Pata de Cachorro: estar em um palco onde já vimos grandes artistas tocando. 

Devido ao fato de estarmos todos os três trabalhando em home office, isolados desde o começo da pandemia, achamos seguro retomar um pouco à rotina de ensaios e gravações em nosso estúdio na casa do Grotesco. Sempre mantendo os cuidados em relação à biossegurança. 

Como também organizamos eventos undergrounds aqui em Campo Grande, outro impacto muito sentido foi o financeiro e, claro, o principal, que é a falta de fazer um show com as bandas parceiras e o público que apoia e movimenta o underground local. 

ZC - Quais os planos para o futuro? 

Para este ano, planejamos fazer a gravação do clipe de Satanás, lançar ao menos mais dois singles e produzir um clipe animado de uma das faixas do EP, que será também regravada. 

Também estamos trabalhando em mais composições e finalizando as músicas que já temos, para começar a trabalhar na produção do nosso primeiro álbum completo. Futuramente, quando as coisas se normalizarem, planejamos voltar a organizar eventos na cidade e tocar em outros estados. Como ainda não há previsão do fim da pandemia, estamos totalmente focados na produção de mais materiais para a Pata. 

ZC - Galera, aqui é um espaço livre. Façam seu jabá, agradeçam, xinguem. O espaço é de vocês.

Primeiramente, claro, vamos de jabá. Gostaríamos de lembrar que estamos com o kit do nosso EP Alienação Animal, que inclui a mídia física do EP, um chaveiro abridor de garrafas, um botton e dois adesivos. 

Temos também uma versão que, além desse kit, inclui uma camiseta exclusiva, com a estampa da capa, também criada pelo Carniça. Para comprar, é só falar com a gente em:


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Agora, algumas palavras finais e agradecimentos.


O sonho de fazer músicas é o que nos fez criar a banda, e é também o que nos motiva a procurar sempre evoluir musicalmente e trabalhar para melhorar a qualidade das nossas produções. 

Nosso estado, o Mato Grosso do Sul, é repleto de histórias de terror, histórias sombrias e, por contar com uma natureza selvagem e cheia de mistérios, alimenta nosso imaginário e nos inspira a expressar o horror presente em tudo isso. 

Nosso protesto é subjetivo, pois acreditamos que a maior força de domínio é a que faz o indivíduo odiar a própria terra natal e odiar a si mesmo, pois sem autoestima, ele tende a amar aquele que o oprime. 

Acreditamos que quebrar essa lógica é possível, trazendo uma valorização regional, mostrando de onde viemos e quem somos através de histórias. Só assim mostramos o quão incrível e fascinante pode ser a nossa terra de origem, e como podemos ser incríveis individualmente, sem alimentar a lógica opressora de diminuir as regiões periféricas, tornando-as menos interessantes.


A fundação da banda também foi motivada pelo movimento cultural underground existente em Campo Grande e, por isso, temos alguns agradecimentos: ao Adonis, primeiro baterista e um dos fundadores da banda; ao George, capitão do Holandês Voador, o eterno bar do underground campo-grandense; ao Duf; ao Enrique DxDxOx e à Terror Shop CG. 

Também agradecemos a todas as bandas parceiras, à galera do grupo Horror Punk Brasil, aos amigos que sempre dão uma mão pra gente e, principalmente, agradecemos aos que colam nos shows e sempre apoiam a gente.

Agradecemos também o convite para esta entrevista. Vida longa ao Zumbí Cangaceiro! 

Boçal, Carniça e Grotesco. 

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